Pix: adesão do varejo ainda é tímida e especialistas recomendam incentivos para acelerar processo

Lançado no ano passado, o novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o Pix, tem mostrado uma adesão crescente. Até dezembro de 2020, a movimentação registrada foi de R$ 83,4 bilhões.

No varejo, o movimento de adesão é mais tímido, mas está acontecendo. De acordo com o Banco Central, em novembro, cerca de R$ 1,3 bilhão foram transferidos de pessoa física para empresas (P2B) –transações que, em geral, envolvem o setor. Este número subiu para R$ 6,3 bilhões, em dezembro, R$ 10,7 bilhões, em janeiro, e R$ 14,5 bilhões, em fevereiro. 

A movimentação ainda passa longe do esperado pelo BC e também das ransferências feitas de pessoas para pessoas (R$ 76 bilhões em fevereiro) ou de empresas para empresas (R$ 57,6 bilhões).

“As condições para os lojistas receberem com Pix estão amadurecendo cada vez mais, tanto é que estamos vendo um movimento crescente de estabelecimentos disponibilizando essa novidade aos clientes. Há também o desafio, para uma penetração mais massiva do Pix no varejo, da mudança de hábitos e da conscientização dos varejistas sobre os benefícios do Pix”, disse o BC, em nota. 

Para Carlos Neto, CEO da Matera e um dos desenvolvedores do Pix, para a ferramenta ingressar de vez como meio de pagamento no varejo é interessante que o setor impulsione seu uso, seja dando desconto, seja dando outro tipo de incentivo ao consumidor. 

“Os estabelecimentos grandes precisam trazer um estímulo para o consumidor utilizar o Pix, porque o  usuário chega lá e ele está acostumado a usar o cartão de débito. Se ele tiver um desconto ou algum benefício para pagar via Pix, ele vai ser estimulado a usar essa forma de pagamento.”, explicou Carlos.

Grandes varejistas aderem Pix

Grandes varejistas já começaram a incluir a nova ferramenta de pagamento em seus pontos de venda físicos e online.

O GPA oferece a forma de pagamento em todas as lojas físicas do Grupo: Extra Hiper, Mercado Extra, Pão de Açúcar, Minuto Pão de Açúcar, Mini Extra e Compre Bem. No e-commece, o meio de pagamento ficará disponível nos próximos meses, segundo a empresa.

De acordo com Cedric Faustino, Gerente Geral de Serviços Financeiros do GPA, utilizar o Pix no momento de finalizar a compra traz benefícios para os clientes, mas também para os varejistas. 

“O cliente ganha em experiência, porque quanto mais rápido ele passa no caixa, melhor. E para o varejista, o Pix é a forma de pagamento mais econômica, porque ele tem uma taxa menor que o crédito e o débito, além de ter uma vantagem quanto ao prazo de recebimento do dinheiro. No caso do Pix, eu recebo na hora. “, pontua Cedric.

A BW2 implementou o Pix no e-commerce das lojas Americanas e está na fase de testes para realizar a implementação nas lojas físicas. No início do ano, a Companhia ofereceu 5% de desconto nas compras realizadas em suas plataformas digitais utilizando o Pix.  

“A Americanas.com tem a experiência de compra e conveniência entre os objetivos de tudo que faz, e incentiva os clientes a usarem o Pix em suas plataformas digitais”, disse a companhia, em nota. 

“O pagamento com o Pix também pode trazer mais recorrência às nossas plataformas, atraindo um público que não utiliza boleto ou cartão de crédito/débito para realizar compras online. Assim, tem a capacidade de incluir novos consumidores no mundo online.”, ainda pontuou a varejista.

O Carrefour já utiliza o meio de pagamento nas lojas físicas e diz que terá, em breve, no e-commerce. 

“[A recepção] foi muito positiva. Os mais aficionados em tecnologia procuraram se informar para começar a utilizar, porque é muito simples e fácil utilizar a ferramenta”, diz Luis Mauricio Bressan, Diretor Financeiro da rede.  

“Nós acreditamos que o Pix dá uma vantagem enorme para o cliente quanto a praticidade, segurança, o que já é um apelo bem positivo para oferecê-lo no dia a dia.”